Caros irmãos e irmãs em Cristo, nada mais significativo do que refletirmos sobre a virtude da esperança no início deste novo ano de 2021. Aliás essa virtude é e deve ser um dom, um valor almejado, desejado e vivido por todos os cristãos.
Alguém poderia perguntar, por que alimentar tal virtude se vivemos em um mundo “sem jeito”? Meu irmão, exatamente por vivermos em um mundo onde existem dificuldades reais e palpáveis é que esta qualidade deve nortear e alimentar a vida humana. O homem sem a faculdade da esperança estaria fadado ao fracasso nesta vida e na vida futura, pois é ela que está na base de todo bom empreendimento, de toda busca, é ela que nos lança para frente mesmo a despeito das dificuldades. Devemos crescer na prática desta virtude e desejá-la sempre mais, pedir ao Senhor que aumente a nossa esperança.
Podemos dizer que há dois tipos de esperança uma que corresponde a uma ordem natural e outra sobrenatural. As duas são de suma importância. A primeira age em nós sobretudo nos dirigindo e nos inclinando a buscar o que nos falta, no sentido de ausência. Assim, quando vamos ao médico temos a esperança de que ele nos medique e que, portanto, recuperemos a saúde. Quando plantamos temos a esperança de um dia colhermos e assim por diante. Na ordem sobrenatural temos aquela esperança filial em Deus e na sua bondade divina; cremos que a salvação está ao nosso alcance, pois Cristo veio para nos garantir e assegurar isso.
Precisamos, mais do que nunca, de pessoas cheias de esperança, àquela que não pode ser confundida com mera satisfação, contentamento, euforia. Sabe porquê? Há uma grande diferença entre estas emoções e a esperança de que estamos falando. Primeiramente porque o Senhor deve ser a razão de nossa esperança, é Nele que depositamos nossa confiança, Ele está no centro e é Ele o fim que esperamos e buscamos.
Esta esperança traz consigo a humildade, pois para possuí-la precisamos apenas saber que mesmo quando “corremos atrás de algo”, de melhorias no trabalho, na vida financeira, dependemos de Deus, Ele é nosso destino final. Saber disto nos livra de todo perigo de presunção, fonte de muitas “desgraças” em nossos dias e de todo desespero fruto de uma mera confiança em si mesmo e da capacidade de não nos ultrapassar para enxergar os outros e o Outro. A esperança é um dom concedido aos humildes de coração, àqueles que confiam no Senhor, que esperam nele contra toda esperança e contra toda forma de desânimo, pois sabem onde puseram sua esperança.