Caros Irmãos e irmãs
Estamos, a alguns meses, trilhando o caminho das virtudes. Já refletimos, aqui mesmo, sobre as virtudes teologais: fé, esperança e caridade e dizíamos de seu papel unificante e transformador. Por elas nos unimos a Deus e somos transformados a imagem e semelhança do próprio Senhor e participamos, já aqui na terra de sua vida divina, vendo-O presente em nossos irmãos, sobretudo, os mais necessitados.
Neste mês, então, damos início a nossa reflexão sobre as virtudes cardeais. Ao contrário do que alguns pensam as virtudes não são invenção de “gente beata” ou “gente religiosa” pra dizer o que é certo ou errado ou ainda, pra ensinar o que devemos fazer ou deixar de fazer.
As virtudes tem uma origem muito antiga, embora, sempre atuais, porque dizem respeito a algo intrínseco ao ser humano. O desenvolvimento humano passa necessariamente pela prática das virtudes. Elas já estavam presentes entre os mais remotos e ilustres pensadores como Platão, onde encontramos uma fonte clássica sobre as virtudes (República, IV, 427e). Também pintores famosos se detiveram a pintar as clássicas virtudes, como o famoso afresco de Giotto. Semelhantes obras de arte, geralmente apresentam as virtudes sob a figura feminina e um símbolo que as acompanha indicando a qualidade a ser representada. Agostinho comenta as virtudes e também Tomás de Aquino as estuda. Porém vale lembrar que as virtudes cardeais que são: Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança devem torna-se vida em nossa vida, ou seja, são atitudes que dizem respeito, sobretudo, à vida prática.
A prudência é a nossa primeira qualidade moral que tratamos neste espaço. Ela é por vezes representada, como mencionamos como uma mulher com um espelho e uma serpente, isso para indicar, provavelmente, realidades como a compreensão de si mesma; a memória como elemento importante para quem deseja decidir acertadamente no presente, pois a memória retém as lembranças do passado, podendo assim evitar o erro cometido anteriormente; a capacidade de olhando o passado acertar no presente e prevenir o futuro, pois o espelho reflete de alguma maneira o que está por detrás; já a serpente lembra a passagem bíblica “sejam simples como as pombas e prudentes como as serpentes” (Mt 10, 16).
Outra coisa importante que podemos acentuar nesta reflexão sobre as virtudes é que elas exigem a repetição, pois isso fará com que virem hábito. No caso da prudência, são repetidas ações de discernimento em vista do bem, de um fim bom e virtuoso que vai gerar em nós a prudência. Por isso essas virtudes exigem de nós disposição para praticar o bem e também constância.
Irmãos e Irmãs em Cristo vale a pena buscarmos, não de vez em quando ou em grandes situações agirmos com prudência, mas todos os dias em tudo que façamos e com todas as pessoas e em todos os ambientes. Só temos a ganhar com isso. Nos tornando pessoas mais integradas na prática constante das virtudes construímos, já aqui, no hoje de nossas vidas o Reino dos céus, tão almejado por nós.
Fiquem na paz!