Caros irmãos e irmãs em Cristo, dando mais um passo em nossa reflexão sobre as virtudes cardeais, este mês refletiremos sobre a Temperança. Mais o que é a Temperança? Bom, a própria etimologia da palavra nos dá uma pista, pois nos lembra uma palavra semelhante, que é “tempero”. Quem não sabe o que é tempero? Tão conhecido das senhoras de casa, mas também, conhecido por todos nós. Pois bem, essas palavras derivam do latim “temperare” e significam algo como: “misturar bem”, regular ou moderar.
Pensemos no quanto é bom comermos uma comida bem temperada, ou seja, uma comida no ponto certo, nem salgada, nem insossa, saborosa. No entanto, isto que estamos a falar não é aplicado só a comida, mas pode servir de exemplo para toda a nossa vida e oxalá que seja assim. A virtude da temperança, portanto, é aquela que regula, que tempera, que modera as nossas atrações e desejos desequilibrados, sobretudo, os abusos das coisas criadas para um bem e que por exageros desmedidos acabamos por usá-los mal. Comer e beber, por exemplo, não só é bom, como é uma necessidade inata que nos acompanha a vida toda, porém, o homem pode usar desta necessidade natural e importantíssima para a sobrevivência e para a saúde desproporcionadamente ; assim, o que era bom se torna um mal, pelo mal uso.
Em Eclesiástico temos um conselho bíblico neste sentido: “Não te deixe levar por tuas paixões e refreia teus desejos (Eclo 18,30), mas também em Tito temos um sinônimo da temperança que é “viver com moderação” (Tt 2,12).
Irmãos, quem nunca fez a experiência de exagerar demais em alguma coisas? Todos nós fazemos continuamente essa experiência da falta de temperança, da falta de equilíbrio, da falta de sobriedade. Falamos demais dos outros, comemos demais, ou as vezes nos exibimos demais; amamos demais quem não é pra ser amado em totalidade absoluta; trabalhamos demais ou de menos, e assim por diante. Lembremos que, afinal, a virtude se encontra no meio. Tudo o que foge disso, não é de Deus.
Ser um homem, uma mulher temperante nos dias de hoje é um desafio para todos nós, pois vivemos em uma sociedade de pessoas descompensadas e que buscam a qualquer custo, às vezes inconscientemente, gratificações e mais gratificações que suprem, ou melhor, aliviam-nas por um pequeno instante. Sejamos verdadeiros irmãos conosco mesmos, da falta de temperança só nos vem o mal estar, só nos vem o vazio, só nos vem a tristeza, de quem não consegue dominar a si próprio.
Por fim, terminemos esta humilde reflexão com as palavras de um santo que aprendeu a duras penas a virtude da temperança. Santo Agostinho diz: A temperança é Dedicar-lhe um amor integral. No fundo é absolutamente isso: é questão de Amor! Pois o mesmo Santo ainda comenta que a temperança é um amor que se reserva por inteiro ao que se ama.