“Eu te adoro com afeto, Deus oculto, que te escondes nestas aparências. A ti submete-se o meu coração por inteiro e desfalece ao te contemplar.”(Adoro Te devote)
Nesse mês, em comunhão com tantos corações que amam e adoram a Jesus Eucarístico queremos elevar nossa ação de graças pelos 25 anos da Fraternidade Toca de Assis. Agradecer pelo chamado que juntos abraçamos de levantar em meio a este mundo, Jesus Sacramentado nosso Deus amado, testemunhando que dos pobres é o Reino dos Céus.
Nascemos do Coração de Jesus sacramentado e alimentados por Ele buscamos nos configurar á sua pobreza eucarística. Se “graças à Eucaristia a Igreja renasce sempre de novo”[1] quanto mais para àqueles que receberam como dom esse Carisma de adoração; renascemos continuamente de novo em cada Santa Missa e em cada hora de adoração, desta fonte inesgotável de amor, pois “foi Ele que, antes de ser imolado por nós no altar da Cruz, entregou aos homens as riquezas de seu amor e fez brotar dos tesouros do seu coração o mistério da Eucaristia. Mistério no qual a fé dos que creem se alimenta, a esperança encontra impulso, a caridade haure sua força e é dada a garantia da vida eterna.”[2]
Ao adorarmos o maior mistério da nossa fé no sacramento do Altar os nossos olhos são atingidos pela flecha da beleza de Deus, “a beleza que nos salva” como diz Dotoievski e nos faz participantes e cooperantes na obra da Redenção. “O olho é a luz do corpo…” (Mat 6, 22), por isso São Francisco que tanto amava Jesus sacramentado pôde dizer referindo-se ao mistério do olhar: “não aja no mundo irmão que tenha pecado até não poder mais que após ver os teus olhos, se afaste sem a tua misericórdia, se misericórdia buscar…”[3] – porque, deixando-nos atingir pela flecha da beleza do Santíssimo Sacramento ganhamos uma nova e mais profunda capacidade de ver, o nosso olhar é tansfigurado e transformado em fonte de vida. Só podemos amar os pobres enxergando neles Jesus Crucificado, porque antes, nos momentos de adoração, os nossos olhos foram transfigurados pela luz eucarística.
Amamos o Santíssimo Sacramento, rendemos à Ele nossa vida em adoração porque Ele é o mais pobre entre os pobres, esquecido, ultrajado, abandonado em tantos sacrários “Jesus Eucarístico é verdadadeiramente o mais pobre, o mais débil e o mais indefeso no interior da Igreja. Na Sagrada Hóstia, Jesus revelou e realizou de maneira insuperável esta verdade: ‘De rico que era, tornou-Se pobre por vós’ ( 2 Cor 8,9)”[4], por isso, alimentadas por Ele queremos nos configurar à sua pobreza eucarística, para também enriquecermos com a nossa pobreza tantos corações sedentos de amor.
Adorar é colocar-se como terra à disposição da semente – somos terra para o “divino grão de trigo”- Ele deseja dar frutos em nós. Em cada comunhão Jesus deseja encontrar a pobreza da nossa terra. E assim, como a semente que no silêncio da terra germina, “uma expressão de adoração, mais eficaz que qualquer palavra, é o silêncio. Adorar, segundo a estupenda expressão de São Gregório de Nazianzeno, significa elevar a Deus um ‘hino de silêncio’.[5]
Adorar é viver segundo a lógica eucarística da disponibilidade à oferta e ao abandono de si a Deus.
[1] Bento XVI, Sacramentum Caritatis, Edições Loyola, São Paulo, 2007, p. 13.
[2] Prefácio da Missa do Coração Eucarístico de Jesus.
[3] Francisco de Assis, Fontes Franciscanas – Carta a um ministro, Editora Mensageiro de Santo Antônio, Santo André, 2005, p.105.
[4] Athanasius Schneider, Corpus Christi – A Sagrada Comunhão e a renovação da Igreja, Caminhos Romanos, 2014, pag 97.
[5] Raniero Cantalamessa, Isto é o meu Corpo, Edições Loyola, São Paulo,2008, p.22.