Chamo-me Irmã Judá, estou na Toca de Assis há dezoito anos e há dois anos a vontade de Deus me trouxe para a nossa missão de Quito, no Equador.
Um aspecto que me chama bastante atenção é que desde a chegada das primeiras irmãs em 2008, a missão coleciona muitos testemunhos do quanto o carisma alcançou a vida de muitos que estiveram em contato conosco, quer sejam leigos, sacerdotes e principalmente os pobres em situação de rua.
Certo dia, o padre Pepe, (José Barranco missionário Comboniano) celebrando a Santa Missa para nossa atual comunidade, testemunhou o quanto foi impactante o apostolado da Toca de Assis ao chegar neste país. Sair às ruas à noite, levar alimento aos famintos, curar suas feridas, oferecer-lhes oportunidade de cuidar da saúde física, espiritual e psicológica foi algo inédito para a Igreja do Equador até então.
Afirmava o padre que por estar próximo de nossa comunidade, não faltavam convites que lhe faziam os bispos. A esses convites, ele respondia que não era possível que apenas nosso instituto assumisse todas as necessidades do Equador e que era necessário que se desenvolvessem outros projetos como o nosso também em suas dioceses, e assim se deu.
Do testemunho do carisma da Toca de Assis no cuidado com os mais necessitados, com a graça de Deus, outros grupos também passaram a se compadecer dos nossos irmãos em situação de rua e oferecer-lhes apoio.
Outra coisa que me marcou muito é como os pobres se lembram com muito carinho de todas as irmãs que passaram pela missão. Sempre perguntam pelo nome, onde estão, se estão bem e pedem para mandar lembranças.
Certo dia, enquanto estávamos indo à Missa na Igreja da Companhia de Jesus, uma Igreja histórica lindíssima localizada no centro de Quito, passamos pela praça “Plaza Grande”. Nesta ocasião, estava presente a Irmã Teresa que morou aqui durante os primeiros sete anos da missão e havia retornado, depois de cinco anos no Brasil. Então, mesmo após tanto tempo, eis que um irmão de rua a reconhece, se aproxima e a cumprimenta com um abraço e muitas lágrimas, dizendo que sentia saudades da primeira irmã que conheceu e que o tratou com tanto carinho naquele tempo e, por isso, ele nunca se esqueceria dela.
Foi uma cena emocionante, de um abraço fraterno e despretensioso como um filho que abraça sua mãe.
Hoje seguimos atendendo aos mais vulneráveis oferecendo refeições aos que chegam ao portão de nossa casa – cerca de 50 a 60 refeições por dia além de banho, atendimento médico, odontológico e psicológico.
Na espiritualidade da Filha da Pobreza tudo isso só é possível por meio do encontro com Jesus no Santíssimo Sacramento, esse Deus escondido, mas que continuamente se oferece todo por amor a nós.